Volta às aulas, época de checar a visão infantil

As crianças crescem, perdem roupas e sapatos rapidamente. O crescimento, no entanto, impacta além da altura e do peso e pode incluir problemas na visão.

Durante a educação infantil (creche e pré-escola), 5% das crianças não conseguem enxergar bem, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, publicados pelo Jornal Brasileiro de Oftalmologia. No ensino fundamental, este número chega a 25%, ou seja, cresce 20 pontos percentuais. O problema é que esse índice tem aumentado com o passar dos anos (veja o meu post sobre epidemia de miopia – leia aqui).

Essa evolução sinalizada pelos dados da SBO indica que uma criança que enxerga bem pode começar a apresentar problemas no decorrer do seu desenvolvimento. Daí a necessidade de pais e responsáveis estarem atentos a alguns sinais.

Exemplos disso são problemas de aprendizado e relacionamento, que podem estar associados a alterações visuais não detectadas. Não enxergar direito o que está escrito na lousa ou dificuldade para ler livros e cadernos sobre a carteira pode levar à apatia, ao desinteresse durante as aulas ou a um comportamento hiperativo, com perda da concentração para outras atividades dentro e fora da classe.

Listo aqui alguns tipos de queixas que podem indicar problemas na visão:

  1. Reclamar frequentemente de dor de cabeça durante a aula ou quando faz atividades que exijam atenção visual (leitura em livros, celulares ou tablets).
  2. Ficar muito próximo à tela do computador ou da televisão ou usar muito perto dos olhos o celular ou tablet.
  3. Apertar os olhos para ler ou enxergar algo longe.
  4. Lacrimejar ou coçar os olhos frequentemente.
  5. Quando já alfabetizada, a criança não conseguir ler uma sentença sem se perder nas palavras ou pular linhas ou acompanhar a leitura com um dedo.
  6. Demonstrar sensibilidade à luz.

No caso de algum desses sinais, é fundamental fazer uma visita ao oftalmologista, profissional que deve integrar a rotina anual de prevenção de saúde ocular das crianças e adolescentes, com problemas ou não de saúde.

Além da atenção a esses sinais, é possível, de um modo grosseiro, tentar descobrir em casa se a criança está com algum problema antes de levá-la ao médico oftalmologista. Basta tapar um dos olhos de cada vez e pedir para que ela foque em uma direção, pode ser a TV, um quadro na parede ou um objeto de decoração; em seguida, o teste deve ser feito com o outro olho. Desta forma é possível perceber se a criança identificou o mesmo objeto de modo similar com cada um dos dois olhos. Isto, no entanto, não substitui o exame médico.

Entre as crianças em idade escolar, os problemas de visão mais comuns costumam ser a hipermetropia, que pode causar dor de cabeça, sensação de peso, ardor e lacrimejamento (principalmente durante a leitura de perto); o astigmatismo, quando os objetos parecem desfocados; e a miopia, que obriga a criança a fazer esforço para ver de longe. Outro problema que pode acontecer é o chamado “olho preguiçoso” (ambiliopia), quando há diferença de capacidade visual entre os olhos.

Uma visita ao oftalmologista pode auxiliar a tirar dúvidas sobre esses problemas de visão e realizar a prevenção da saúde ocular, permitindo, em relação à escola, retomar a rotina de estudos das crianças com mais tranquilidade.

Bom retorno às aulas!!!!

Abraços,

Marcelo Creppe – Oftalmologista
CRM 82218-SP / RQE 41042 / CBO 104.343

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