Astigmatismo é a dificuldade do sistema óptico em formar uma imagem nítida na retina. Pode ser causado por alterações na face anterior e/ou posterior da córnea e também por alterações no cristalino.
O astigmatismo (veja os efeitos sobre a visão no vídeo) pode ser hereditário, sob as formas de autossômico dominante, autossômico recessivo ou ligado ao cromossoma X. Traumas, cirurgias oculares e coçar os olhos podem também causar ou piorar sua intensidade.
Durante o primeiro ano de vida, as crianças possuem incidência de 15% a 30% de astigmatismo maior que 1,0 dioptria, no entanto, a prevalência do astigmatismo diminui com o crescimento.
Aos 3 anos de vida, a incidência de 1 dioptria ou mais de astigmatismo é de apenas 8%, segundo o estudo “Screening for refractive errors
at age 1 year: a pilot study”, dos autores Ingran RM, Traynar MJ, Walker C, Wilson IM. (Br J Ophthalmol, 1979;63:243-50).
Se o astigmatismo não regredir com o crescimento da criança, deve ser corrigido, principalmente se houver diferença de eixo e grau entre os dois olhos.
Quando o astigmatismo é maior que 1,5 dioptrias, é necessário corrigi-lo precocemente. Desse modo, a consulta com o oftalmologista nos primeiros anos de vida é muito importante.
A indicação para a prescrição de correção óptica do astigmatismo está relacionada à dificuldade visual ou sintomas chamados de astenopia (cansaço visual), que podem ser acompanhados ou não de cefaleia. A correção pode ser feita com óculos, lentes de contato ou cirurgia.
A adaptação ao uso de óculos com astigmatismo é mais difícil do que quando a pessoa possui apenas miopia ou hipermetropia (veja os vídeos) . Esses óculos podem, nas primeiras semanas, dar a impressão de buraco no chão ou de que os objetos, mesas, portas e paredes estão tortos. Mas tal sensação é superada após semanas de uso.
O astigmatismo é um erro de refração que pode modificar-se ao longo do tempo. Pacientes com início de presbiopia (dificuldade para perto pós os 40 anos de idade) geralmente sofrem modificação do eixo do seu astigmatismo, como aponta a pesquisadora Ana Tereza Ramos Moreira (Arq Bras Oftalmol 2001;64:271-2).
Por essa razão, em caso perceba dificuldade em ver imagens com nitidez e observe a mesma queixa da criança, procure um médico oftalmologista.
Abraço,
Marcelo Creppe
Marcelo Creppe – Oftalmologista
CRM 82218-SP / RQE 41042 / CBO 104.343