Distúrbios do sono são um problema bastante frequente entre a população. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), quatro em cada dez pessoas apresentam dificuldades para dormir ou manter o sono.
O sono é um processo fundamental para nossa saúde. Esse momento em que há redução da consciência e das atividades corporais é dividido em duas fases: o sono não-REM e o sono REM, cada qual com características e estágios diferentes.
O sono não-REM é caracterizado por atividade cerebral menos intensa, sendo dividido em quatro estágios:
Estágio 1: É a etapa do adormecimento. Pode durar até 15 minutos e é uma transição entre estar acordado e dormindo. Há relaxamento dos músculos e a respiração fica mais leve.
Estágio 2: O segundo estágio é o de um sono mais leve. Há uma desconexão do cérebro com estímulos externos. A temperatura e o ritmo cardíaco e respiratório diminuem e a pessoa se aproxima do sono profundo.
Estágio 3: O corpo já começa a entrar em um sono profundo, período em que a atividade cerebral começa a diminuir.
Estágio 4: É o estágio do sono profundo, no qual corpo repõe as energias do desgaste diário. O organismo libera os hormônios ligados ao crescimento e executa o processo de recuperação de células e órgãos.
Após o quarto estágio, o corpo caminha para o sono REM. A atividade cerebral começa a acelerar e se torna tão intensa que se assemelha à quando estamos acordados. É nessa fase que acontecem os sonhos, a fixação da memória e o descanso profundo, essencial para a recuperação da energia física para acordar disposto. As fases do sono irão se alternar ao longo da noite.
A privação do sono, independentemente da causa, compromete o funcionamento de todo o organismo, inclusive a visão.
Entre as causas da baixa qualidade do sono, a apneia do sono é um problema que muitas vezes passa desapercebido e está relacionado com uma variedade de condições sistêmicas (hipertensão arterial, obesidade, risco aumentado de infarto…) e alterações oftalmológicas, como síndrome da frouxidão palpebral, piora do quadro de glaucoma, neuropatia ótica e papiledema, ou seja, problemas relacionados aos distúrbios no sistema circulatório e vascular.
O estresse do cotidiano, a ansiedade, o sedentarismo, o excesso de uso de telas, não dormir para ficar jogando ou em mídias sociais também pioram a qualidade do sono e podem contribuir para cansaços visuais, dificuldade em manter a imagem nítida e dores de cabeça frequentes.
Um bom descanso pode ser obtido com mudança de hábitos não saudáveis e que nos impedem de ter uma noite de sono tranquila. Mudanças no ambiente em que dormimos, os alimentos que consumimos e outras ações podem nos ajudar a desligar de forma correta.
Mudanças simples podem contribuir para que consigamos dormir melhor:
Estabeleça um horário para dormir (cumpra o proposto pelo menos na maioria das noites).
Pratique técnicas de relaxamento.
Evite consumir alimentos estimulantes 6 horas antes de dormir (café, refrigerantes, chá preto, chocolate, entre outros).
Pratique exercícios, pois o corpo produz endorfinas, responsáveis pela sensação de bem-estar, mas preste atenção na hora certa para praticá-los. O ideal é praticar as atividades de manhã ou à tarde, mas, se você só pode se exercitar a noite, escolha modalidades de intensidade reduzida para evitar prejuízos ao sono.
Evite estímulos próximos ao horário de deitar-se. Reduza as luzes uma hora antes de dormir, abaixe o som da televisão e de outros aparelhos. Não use telas duas horas antes de deitar-se. Deixe os problemas para quando estiver acordado, desligue-se do mundo, é difícil, mas com treino você consegue!!!
A ajuda de um médico especialista em medicina do sono também é muito importante.
Com uma boa noite de sono, nossa visão, humor, nosso sistema imune vão estar melhores.
Um bom sono é um fator de prevenção importante para quem quer conquistar qualidade de vida.
Espero ter ajudado!!
Abraços,
Marcelo Creppe
Médico Oftalmologista
CRM 82218-SP / RQE 41042 / CBO 104.343