Tracoma é uma conjuntivite crônica, ou seja, dura muito anos, caracterizada por períodos em que existem muitos sintomas (exacerbação) e outros momentos com poucos sintomas (remissão).
Os sintomas mais comuns nos momentos de exacerbação da doença são olhos vermelhos e irritados, lacrimejamento, secreção, coceira, sensação de areia e intolerância à luz. Nos momentos de remissão, a doença pode não apresentar sintomas.
A transmissão ocorre por meio da secreção dos olhos com tracoma de uma pessoa para outra, principalmente em ambientes coletivos, como escolas e creches, uso compartilhado de objetos contaminados, como toalhas, maquiagem, roupas de cama, lenços… Os fatores de risco são claramente associados à ocorrência do tracoma são as baixas condições socioeconômicas e ambientais.
O tracoma é endêmico em regiões pobres do mundo todo, afetando 40 milhões de pessoas, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença ocorre principalmente em crianças, sobretudo naquelas com 3 a 6 anos. Ela é menos suscetível em crianças mais velhas e adultos por causa de melhor imunidade e higiene pessoal.
A doença é altamente contagiosa em seus estágios iniciais e geralmente afeta ambos os olhos. O sistema de graduação da OMS descreve cinco estágios da doença que vão aparecendo com o passar do tempo e falta de tratamento:
1 – Inflamação tracomatosa folicular (TF): caracterizada por 5 ou mais folículos na conjuntiva tarsal superior.
2 – Inflamação tracomatosa intensa (TI): caracterizada por um espessamento inflamatório da conjuntiva tarsal.
3 – Cicatrizes tracomatosa (CT): caracterizada pelas cicatrizes na conjuntiva tarsal.
4 -Triquíase tracomatosa (TT): caracterizada por pelo menos um cílio que nasce invertido e friccionando o globo ocular.
5 – Opacidade da córnea (OC): caracterizada pela opacidade da córnea.
O diagnóstico do tracoma normalmente é clínico, mas existem exames complementares que podem ser solicitados pelo médico oftalmologista
O tratamento é realizado com o uso de antibióticos tópicos e/ou sistêmicos dependendo de cada caso e ambiente. Em caso mais antigos podem ser necessárias cirurgias para correção das deformidades da pálpebra e/ou opacidade da córnea.
A prevenção é muito importante, o que incluem medidas como a limpeza facial para reduzir a transmissão a partir de indivíduos infectados, não coçar os olhos, não usar toalhas ou lenços de outras pessoas, melhoria das condições ambientais, como acesso à água potável e saneamento, que reduzem a transmissão da doença e reinfecção dos pacientes.
Espero ter ajudado!
Abraços,
Marcelo Creppe
Médico oftalmologista
CRM 82218-SP / RQE 41042 / CBO 104.343