Primavera acentua os casos de conjuntivite

A primavera é maravilhosa, a temperatura sobe, as chuvas começam a voltar e as flores dão um colorido especial a nossa vida. Mas nem tudo são flores, desculpem o trocadilho, pois às vezes a temperatura passa os 40 graus, as chuvas podem estar tímidas como neste complicado ano de 2020 e aí começam os problemas para os olhos.

Os casos de olho seco e alergias oculares aumentam bastante nesta estação maravilhosa repleta de flores, polens, poeiras e fumaça de queimadas.

Todos são afetados, mas principalmente as pessoas que já apresentam quadros alérgicos, como bronquite, dermatite, asma e rinite, doenças frequentemente  associadas à conjuntivite alérgica.

Os sintomas são coceira nos olhos e pálpebras, secreção, olhos vermelhos e inchados, muita produção de lágrimas, ardor, sensibilidade na presença de luz forte.

Olhos vermelhos e inchados são característicos da conjuntivite

Nesses casos, coçar os olhos somente piora a situação. É um péssimo e perigoso hábito, tanto que temos inclusive um mês inteirinho que orienta a não coçar ou esfregar os olhos: o Junho Violeta, mês de prevenção ao ceratocone.

A conjuntivite alérgica não é contagiosa, mas pode haver casos de infecção secundária associada à alergia e somente o oftalmologista está capacitado a fazer esse diagnóstico diferencial.

Existem alguns tipos de conjuntivite alérgica:

– Conjuntivite alérgica sazonal: relacionada com pólen de árvores, plantas e grama; geralmente ocorre durante a primavera e início do verão;

– Conjuntivite alérgica perene: que ocorre o ano todo (conjuntivite atópica), frequentemente associada a ácaros existentes na poeira ou no pelo de animais;

– Ceratoconjuntivite primaveril: forma de conjuntivite alérgica mais grave, cujo estimulante (alérgeno) é desconhecido; é mais comum no sexo masculino, geralmente entre 5 e 20 anos de idade, entre indivíduos que sofrem de eczema, asma ou alergia sazonal; reaparece a cada primavera e desaparece durante o outono e o inverno. Muitas crianças superam a doença até o início da idade adulta.

Alergia não tem cura, mas tem controle, para isso é muito importante identificar o agente causador da alergia, que varia de pessoa a pessoa, e assim evitar ou minimizar o contato com as substâncias que desencadeiam o quadro.

Existem medicamentos (colírios e comprimidos) para auxiliar e diminuir a frequência das crises e a intensidade dos sintomas, mas somente devem ser usados após consulta e orientação médica.

A mudança de hábitos também é muito importante: não fumar, evitar ambientes poluídos e pouco arejados, cuidado ao manusear substâncias químicas e na escolha de esmaltes, evitar ambientes com mofo, substituir o uso da vassoura pelo pano de chão ao limpar a casa e retirar cortinas, tapetes e pelúcias que podem acumular pó, assim como ter cuidado com os colchões e travesseiros antigos.

Espero ter ajudado!

Abraços,

Marcelo Creppe

Médico Oftalmologista

CRM 82218-SP / RQE 41042 / CBO 104.343

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