Muito comum entre a população idosa, a catarata é a perda de transparência do cristalino (c), lente natural e transparente, cristalina (de onde vem seu nome), cuja função é ajudar a formar o foco da imagem sobre a retina (identificada na imagem a seguir como R).
A causa mais comum da catarata é o envelhecimento do cristalino, que ocorre pela idade. Esse tipo é denominado como catarata senil. As outras causas do problema envolvem doenças sistêmicas, como o diabetes mellitus; as doenças oculares, caso da uveíte; e resultante do uso de certos medicamentos, como os corticoides.
O trauma ocular resultante de pancadas fortes e perfurações, por exemplo, também é outra possível origem da catarata. Além disso, a perda do cristalino pode estar presente já no nascimento, problema que leva o nome de catarata congênita.
A perda da transparência pode acometer apenas um ou ambos os olhos, dependendo de sua causa. A catarata relacionada à idade, doença sistêmica ou ao uso de corticosteroides sistêmicos, por exemplo, geralmente é bilateral e assimétrica, ou seja, pode estar mais avançada em um dos olhos. Poderá ser unilateral se for secundária a doença ocular ou ao trauma do olho acometido.
Os principais sintomas da catarata, no entanto, muitas vezes somente são percebidos após a cirurgia de um dos olhos, quando as pessoas percebem o quanto o olho não operado tem visão embaçada, turva, cores desbotadas, amareladas ou acinzentadas. Outro sintoma comum da catarata é a melhora da visão para perto ou a percepção de que a miopia aumentou.
Na foto abaixo, percebemos esse cristalino opaco, característico da catarata.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a catarata é responsável por 47,8% dos casos de cegueira no mundo, acometendo principalmente a população idosa. Mas isso somente acontece quando a doença não é tratada, uma vez que o problema pode ser revertido com a cirurgia.
A cirurgia é considerada o único tratamento eficaz para o problema no momento. Sua indicação, no entanto, depende de vários fatores e somente o paciente e o médico poderão decidir juntos qual é o melhor momento para intervir. Em geral, a recomendação de tratamento cirúrgico para portadores de catarata não está relacionada à idade do paciente e, sim, ao seu comprometimento visual.
Quando realizada, a cirurgia da catarata consiste da remoção da lente natural do olho, o cristalino, que está opaco, e sua substituição por uma prótese transparente, chamada de lente intraocular. A intervenção tem como objetivo possibilitar melhor passagem dos estímulos luminosos para o interior do olho.
As lentes intraoculares são as próteses utilizadas para substituir o cristalino opaco, restabelecendo a visão. Na foto abaixo, temos um olho operado com a lente implantada.
Para quem tem medo de operar, saiba que a cirurgia de catarata é a mais realizada na oftalmologia e foi uma das técnicas cirúrgicas que mais evoluiu nas últimas décadas. Mesmo sendo de alta complexidade, é segura, porém, como qualquer procedimento invasivo, não é isenta de riscos.
A anestesia nesse tipo de cirurgia é tópica, isto é, à base de colírios, e o paciente é ligeiramente sedado por um médico anestesista. Nos casos de catarata em crianças ou adultos com dificuldades de controle dos movimentos ou de compreensão, a anestesia deve ser geral.
Atualmente, a cirurgia da catarata pode corrigir grande parte do grau de óculos do paciente, tornando-o independente do uso de óculos. Mas, atenção: é necessário entender a diferença entre independência dos óculos e eliminação total do grau. Mesmo com independência, pode haver necessidade de utilização de óculos para determinadas atividades. Além disso, características pessoais, oculares e das lentes intraoculares recomendadas para cada situação interferirão na maior ou menor independência dos óculos.
Espero que este texto tenha auxiliado você a compreender melhor o que é a catarata e a importância da prevenção ao problema.
Abraços a todos!
Marcelo Creppe – Oftalmologista
CRM 82218-SP / RQE 41042 / CBO 104.343
Um ótimo texto! A catarata é um problema muito comum e as explicações são esclarecedoras.
Obrigado, Lelia.