Todos os anos, celebramos em 1º de dezembro o Dia Mundial de Luta contra a AIDS. Esta data constitui uma oportunidade para apoiar as pessoas envolvidas na luta contra o HIV e melhorar a compreensão do vírus como um problema de saúde pública global.
O vírus da imunodeficiência humana (HIV, sigla em inglês) tem como alvo o sistema imunológico e enfraquece os sistemas de defesa das pessoas contra infecções e alguns tipos de câncer. Como o vírus destrói e prejudica a função das células imunes, os indivíduos vivendo com o vírus se tornam gradualmente imunodeficientes.
Isso é possível de ser observado porque a função imunológica é medida pela contagem de células CD4. Quando essa função é reduzida, tem-se a imunodeficiência, que resulta em um aumento da suscetibilidade a várias infecções e doenças que pessoas com um sistema imune saudável podem combater.
A infecção pelo HIV é diferente da síndrome da imunodeficiência adquirida. O estágio mais avançado da infecção por HIV, no contexto de não utilização de medicamentos antirretrovirais, é a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS, sigla em inglês), que pode demorar de dois a 15 anos para se manifestar, de acordo com o indivíduo.
Em razão da variação de tempo de manifestação dessa síndrome, é importante a rotina do acompanhamento médico, ainda mais quando a doença já estiver instalada, mesmo que não existam sintomas.
A AIDS é caracterizada pelo desenvolvimento de certos tipos de câncer, infecções ou outras manifestações clínicas graves.
A síndrome da imunodeficiência adquirida, provocada pelo vírus HIV, pode resultar em doenças ocorrentes em qualquer parte do corpo. Entre elas estão as doenças oculares.
Entre essas doenças, podemos citar a infecção pelo citomegalovírus na retina dos olhos, que é frequente entre as pessoas com AIDS e que deve ser prontamente tratada com a utilização de medicamentos antivirais para que se evite a perda da visão.
O sarcoma de Kaposi é um tipo de câncer de pele e mucosa, inclusive dos olhos, que se desenvolve nas camadas internas dos vasos sanguíneos que também aparece caracteristicamente em pessoas infectadas com o vírus da AIDS ou imunodeprimidas.
A retinopatia provocada pelo HIV (conhecida como retinopatia da AIDS) é a doença ocular mais comum dentre aquelas resultantes da síndrome. Provoca manchas brancas como flocos de algodão (chamadas de exsudatos algodonosos) e pequenas hemorragias na retina.
A tuberculose ocular também pode acometer os pacientes com AIDS, atingindo diretamente os olhos (infecção primária, mais rara) ou migrar dos pulmões para os olhos (infecção secundária, mais comum). Nesse caso, pode afetar a úvea, o nervo óptico e a retina.
Como são muitas e diversificadas doenças oculares relacionadas à AIDS é importante a visita frequente para o diagnóstico e o acompanhamento com um oftalmologista.
Previna-se, a AIDS é uma doença séria e afeta todo o mundo. Por isso, disseminar informações sobre a doença e sua forma de prevenção é muito importante.
Por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil é referência internacional no tratamento de HIV/AIDS, disponibilizando tratamento (antirretroviral), bem como o acesso à testagem, ao preservativo (camisinha) e gel lubrificante. Utilize camisinha, não compartilhe agulhas e seringas, faça testes para saber se tem o vírus.
Espero ter ajudado!
Abraços,
Marcelo Creppe
Médico Oftalmologista
CRM 82218-SP / RQE 41042 / CBO 104.343